quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Macaca Catarina*



Trecho do poema "A macaca Catarina" de Décio Bittencourt

Morreu a macaca! Catarina morreu
Todo mundo chorou... Menos eu!
Sabe quem morreu também?
A Amélia... açougueira...
Vendia a carne que Deus lhe deu!
Doença de rua!
Inveja a Amélia tinha da cachorrinha da D. Dedé,
perfumada, comendo bolo, lambendo café!
A Fifi, quando morreu,
Cadelinha de estimação que era, teve até túmulo
no cemitério do Ibirapuera!
Amélia nada. Morreu ali na enxurrada!
A Fifi teve uma cruz quase Calvário.
Um anjo de asa!
A Amélia? Cova rasa!
Entendeu?
Ninguém chorou?
Chorei eu!
Morreu a macaca!
Catarina morreu.
Todo mundo chorou...
Menos eu!

*A macaca Catarina foi o animal mais querido do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro nos anos 40 e 50. Quando ela adoeceu, boletins informavam pelo rádio e jornais a evolução da doença, prognósticos e tratamento até a sua morte. A morte da macaca Catarina foi motivo de grande comoção nacional.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Novas Camisetas do Coletivo!!!

Pessoas amadas,

O Coletivo de Mulheres fez novas camisetas, praticamente iguais as do II Encontro de Mulheres.
Estaremos vendendo elas pela singela quantia de R$ 15,00, num esforço de financiar nosso Coletivo que é um organismo político independente, e por isso mesmo, sobrevive de finanças próprias.
As camisetas podem ser encontradas nas atividades do Fórum Social Mundial, a começar pela marcha de abertura, ou com qualquer militante do Coletivo.

Saudações Roxas (e Vermelhas!)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Transgredir para Respirar


Ação da Via Campesina durante a Jornada Nacional de Luta das Mulheres demonstra a força da mobilização feminina na resistência contra a opressão do Estado.
por Jefferson Pinheiro
Sentadas na grama, à beira da estrada, em frente ao assentamento Conquista do Chão, em Candiota/RS, no final da tarde de 09 de março, elas bebem cachaça no bico (escondido das crianças), contam histórias, riem. Enquanto o amarelo-luz vai esmaecendo, e um vento quase frio embaralha os cabelos. À noite, se encantam com um céu de lua e estrela. Elas - que conhecem a exclusão, a exploração, a opressão e a repressão, e tomaram consciência de que juntas podem mudar algumas coisas, e de que muitas coisas precisam mudar - têm os olhos no futuro e uma luta no presente. São as mulheres da Via Campesina. São fortes, apaixonantes.
Do outro lado da rua de terra fica a Fazenda Ana Paula, propriedade de 18 mil hectares da Votorantim Celulose, 7.500 deles uma imensa lavoura de árvores, que os ambientalistas chamam de deserto verde. Foi ocupada pela manhã, quando cerca de 700 mulheres cortaram centenas de eucaliptos pra denunciar que a monocultura na região resseca os mananciais de água, ameaça a biodiversidade, degrada o meio ambiente, expulsa o trabalhador do campo e gera pobreza.
Domingo, dia 08, por volta das 19h, saímos de Porto Alegre debaixo de chuva, um grupo de jornalistas da mídia alternativa, seguindo um carro com integrantes do Movimento. Não sabíamos pra onde. Nessas ações, quanto menos pessoas souberem o destino é melhor, para que a informação não vaze.
Joana diz que a ação foi planejada por meses, e um vacilo agora poderia comprometer tudo. Viajamos a noite toda, parando às vezes para que elas monitorassem a estrada, atentas a alguma movimentação da polícia, esperando parte do comboio, que vem de diversas regiões do Estado. É importante que todos os ônibus cheguem ao local de encontro no mesmo horário, porque um veículo parado por horas junto à estrada pode levantar suspeita. Ficamos lá alguns minutos. Minutos longos. A tensão cresce. Dois carros passam, observam. Seguem. Se avisarem a polícia, se algo der errado nesse momento, a mensagem preparada para o amanhecer será frustrada. Ansiedade latente. Atrás de uma curva crescem as luzes. Expectativa. Murmúrios. Silêncio... 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fotos do II Encontro de Mulheres UFRGS