domingo, 20 de dezembro de 2009

Reuniões do Coletivo no mês de janeiro de 2010

Em janeiro o Coletivo de Mulheres UFRGS continuará se reunindo semanalmente, mas em novo dia da semana.
As reuniões acontecerão todas as terças-feiras de janeiro, sempre às 19h, na CEU (Casa de Estudante Universitário do centro), 9º andar.
A CEU fica na Av. João Pessoa, nº 41.

Datas das reuniões: 5/01, 12/01, 19/01 e 26/01

Apareçam!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Exercícios de Imaginação

Valéria Calvi*

Estava agora há pouco lendo um blog que falava sobre aborto. No blog, a autora dava 5 motivos pelos quais ela é a favor da legalização do aborto, muito bem argumentados, por sinal. Li alguns comentários sobre o texto dela e as respostas que ela deu com muito mais cordialidade do que eu daria. Não que eu fosse ser estúpida nem nada, mas é que costumo responder às coisas de forma bastante impessoal.

Enfim, é de se imaginar que a maioria dos comentários (confesso que não li todos, mas falo dos que eu li) contrários ao aborto giravam em torno de coisas como assassinato de vidas, quem inventa agora aguenta, valores éticos universais que prezam pela vida (a do feto, não a da mulher, óbvio), eugenia (numa clara confusão sobre o que vem a ser eugenia) e, como também não poderia deixar de aparecer, exemplos cotidianos do tipo "não é por que minha irmã me incomoda que eu vou matá-la". No meio disso tudo, dois argumentos, dados por homens, me chamaram a atenção: (i) a mulher deveria ter pensado melhor "antes de descabelar o palhaço" (não sei por que não escrever transar, mas tudo bem), sendo que o autor desta frase coloca no final do seu comentário que ele, enquanto homem, também teria de abrir mão de muita coisa (e ele diz que tem medo disso), pois "existe o teste de DNA"; (ii) aborto é crime e a mulher que o faz deve ir para a cadeia sim, mas claro, depois de receber os atendimentos médicos no hospital, primeiro o médico e depois, a cadeia.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Mulher na Ótica de Dominação do Capital Produtivo

Taí um dos motivos por que feminismo é incompatível com capitalismo e passa, também, pela luta de classes.

A mulher na ótica de dominação do capital produtivo
É a partir da forma como somos encaradas pelo capital, como mercadoria, que a potencialização da nossa luta ganha dimensões ainda mais expressivas.

Roberta Traspadini
Em meio à comemoração das conquistas manifestas pelo dia internacional de luta das mulheres, 8 de março, o debate a ser aprofundado é sobre a particular funcionalidade da diferenciação entre homem e mulher no modo de acumulação capitalista.
Algumas perguntas serão sugeridas como forma dialógica sobre o tema.

Qual o sentido do trabalho para o capital?
O trabalho para o capital é a fonte geradora de parte expressiva de sua riqueza. É através do trabalho, mais bem, da apropriação privada do trabalho alheio que o capital avança, se reproduz, ao longo de seu desenvolvimento histórico.

Assim, o trabalho em todas as suas dimensões é quem gera o valor daqueles, que no capitalismo, possuem suas riquezas materiais.

Sem produção apropriada não há capitalismo. Sua fonte então é a de ao se apropriar do trabalho alheio, consumir parte crescente do tempo cotidiano do trabalhador.

Hoje é o Dia Mundial de Combate à AIDS

Hoje é o dia mundial de combate à AIDS e Porto Alegre tem a pior política de AIDS do Brasil e é a cidade com maior incidência da síndrome no país.

Notícia de março: http://rsurgente.opsblog.org/2009/03/11/porto-alegre-tem-pior-politica-de-aids-do-pais/

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Encontro Autônomo entre Feministas

Aberto a todas as mulheres
na sede da comunidade autônoma Utopia e Luta, sobre a escadaria do viaduto da Borges.

Sábado 28 de novembro - Exposição de fotografias –

14.00 horas Abertura – sarau
14.30 Roda de conversa: Lutas de mulheres camponesas.
16.30 café (traga sua caneca)
17.00 a 19.00 Roda de conversa: Lutas de mulheres urbanas.

Domingo 29

14.00 vídeo-debate (aberto a homens também)
16.00 café (traga sua caneca)
16.30 hs Rumos, desafios, ações das mulheres em luta.
18.30 a 19.00 fechamento

contato: mulheres_rebeldes@hotmail.com

O Coletivo de Mulheres UFRGS estará presente!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

II FÓRUM EM SAÚDE DA POPULAÇÃO AFRODESCENDENTE

ps: clique na imagem para ampliar e ler as informações!!

INSCRIÇÕERS GRATUITAS

PELO e-mail: geab_hcpa@yahoo.com.br

Informações
Seção de Eventos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Rua Ramiro Barcelos 2.350 Sala 49D
Cep 90035-003
Fone: (51) 3359.8090 Fax: (51) 3359.8503
Home page: www.hcpa.ufrgs.br

E-mail: eventos.hcpa@gmail.com

domingo, 15 de novembro de 2009

Seminário sobre mortalidade materna e aborto inseguro - gratuito

O Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFRGS convida

Seminário

Como avançar na redução da mortalidade materna: debate
em torno da experiência de redução de danos causados
pelo aborto inseguro no Uruguai


DIA 19 de novembro de 2009 (QUINTA-FEIRA)
LOCAL: auditório da Faculdade de Farmácia da UFRGS
Av. Ipiranga, 2752 – Bairro Santana, Porto Alegre/RS

Programação

8h – Inscrições

9h – 12h PAINEL-DEBATE "O desafio da redução da mortalidade
materna: como avançar nesta meta?“
Leonel Briozzo, Médico ginecologista e obstetra, professor da
Faculdade de Medicina da Universidad de la Republica, diretor da ONG
Iniciativas Sanitarias, Uruguai.
Anibal Faundes (a confirmar), Médico, professor da Unicamp,
pesquisador do Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de
Campinas (CEMICAMP) e Coordenador do Grupo de Trabalho sobre
Prevenção do Aborto Inseguro da Fed. Int. de Ginecologia e Obstetrícia
(FIGO)
Eugênio Terra, Jurista, coordenador da Vara de Saúde Pública do Rio
Grande do Sul
Télia Negrão, Jornalista, Coordenadora da Rede Feminista do Brasil
Soraia Schmidt, Coordenadora do Comitê Municipal de Mortalidade
Materna de Porto Alegre
Coordenadora: Daniela Knauth, Antropóloga, professora da
Faculdade de Medicina da UFRGS

19h-21h CONFERÊNCIA “Experiência de redução de danos
causados pelo aborto inseguro no Uruguai“
Palestrante: Leonel Briozzo
Debatedora: Rúbia Abs da Cruz, Advogada e Coordenadora Geral
daThemis
Coordenadora: Marcia Mocellin Raymundo, Rede Liberdades Laicas
Brasil

Inscrições gratuitas no local

APOIO Rede Liberdades Laicas Brasil - Movimento pela Saúde dos Povos - Themis - PROAME – Maria Mulher

sábado, 7 de novembro de 2009

O Urro Ancestral da Faculdade Injuriada

domingo, 1 de novembro de 2009, 01:59 - O Estado de São Paulo

*O Urro Ancestral da Faculdade Injuriada*

Universitários que encurralaram a colega de vestido curto não eram
delirantes: eram agressores

Debora Diniz** - O Estado de S.Paulo

O caso não caberia nem em um folhetim vulgar, não fosse o YouTube
denunciando a verdade. A "puta da faculdade" é uma história bizarra: uma
mulher de 20 anos é vítima de humilhações. A razão foi um vestido rosa e
curto que a fazia se sentir bonita. Sem ninguém saber muito bem como o
delírio coletivo teve início, dezenas de pessoas passaram em coro a gritar
"puta" e ameaçá-la de estupro. A saída foi esconder-se em uma sala, sob os
urros de uma multidão enfurecida pela falta de decoro do vestido rosa. Além
da escolta policial, um jaleco branco a protegeu da fúria agressiva dos
colegas que não suportavam vê-la em traje tão provocante.

Colegas de faculdade, professores e policiais foram ouvidos sobre o caso. O
fascínio compartilhado era o vestido rosa. Curto, insinuante, transparente
foram alguns dos adjetivos utilizados pelos mais novos censores do vestuário
da sociedade brasileira. "A roupa não era adequada para um ambiente
escolar", foi a principal expressão da indignação moral causada pelo vestido
rosa. Rapidamente um código de etiqueta sobre roupas e relações sociais
dominou a análise sociológica sobre o incidente. Não se descreveu a histeria
como um ato de violência, mas como uma reação causada pela surpresa do
vestido naquele ambiente.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Locais de venda antecipada

Compas, ingressos antecipadas para a Festa de 1 ano do Coletivo, com @s integrantes do Coletivo e nos pontos de venda autorizados.

Vale: Xerox da Clê.
Saúde: DCE Saúde.
ESEF: DAEFI ou com Piranha.
Centro: DCE UFRGS.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

IV Congreso de Estudantes UFRGS

No IV Congresso de Estudantes da UFRGS acontecerá alguns Grupos de Discussão para melhor debater as questões da Universidade. Terá um GD de Gênero que o Coletivo estará mediando, então convidamos tod@s a participar!!!

Programação do Congresso

Sexta-feira (02/10)
18h30 – Cerimônia de Abertura do CONGRESSO
- Representantes do DCE, ADUFRGS, ASSUFRGS, ANDES e Reitoria.

19h – Mesa 1 – Universidade Brasileira: conjuntura e perspectivas
Debatedores:
- Neida Oliveira (CPERS)
- Bernadete Menezes (ASUFRGS)
- Rodrigo Dantas (ANDES-SN)

Sábado (03/10)
9h – Mesa 2 – Universidade Popular e a Educação Superior no Século XXI
Debatedores:
- Bernardo Corrêa (estudante de Ciências Sociais)
- Luiz Henrique Shuch (Vice-Presidente da ADUFPEL)
- Miguel Stédile (MST)

12h – Almoço

14h – Grupos de Trabalho:
a) Currículos do Ensino Superior; b) Financiamento; c) Pesquisa e Extensão; d) Acesso à Universidade; e) Movimento Estudantil; f) Políticas de Permanência; g) Educação Básica; h) Gênero; i) Orientação Sexual; j) Raça/Etnia.

17h – Assembléia Geral para adequação do Estatuto do DCE ao novo código civil

18h30 – Plenária Final

Local: Salão Nobre da Faculdade de Direito (Campus Centro)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Tese do Coletivo de Mulheres UFRGS ao IV Congresso de Estudantes da UFRGS

Saudamos o quarto Congresso de Estudantes da UFRGS e aproveitamos essa oportunidade para apresentar o Coletivo de Mulheres UFRGS, quem somos nós e que projeto de universidade e de sociedade desejamos construir.
Somos mulheres e homens vind@s de diferentes lugares, com diferentes opiniões e formação; somos nov@s e sabemos que este Coletivo é parte de vidas que terão muito mais acúmulo do que têm hoje.
Somos feministas, ainda que este feminismo esteja sempre em construção e para que consigamos agir e dizer um pouco daquilo que somos e daquilo que não somos.
Somos um Coletivo que nasceu nessa Universidade, mas que é aberto à participação de tod@s aquelas/es que dele queiram fazer parte. Somos um Coletivo plural no qual tod@s têm direito a voz, mas apenas as mulheres têm direito a voto.
Somos um espaço livre para opiniões diferentes, discussões abertas e trocas de experiências pessoais.
Somos contra assumirmos uma postura de conscientizadoras/es, que vão libertar a nós mulheres das inúmeras opressões que sofremos.
Somos contra esse modelo de sociedade e de mundo, que constrói a nós mulheres de forma machista e fazem com que sejamos e aprendamos a ser objetos, nunca sujeitos. Nos opomos a todas formas de alienação do nossos próprios corpos.
Somos contra a super-exploração a que somos submetidas, seja através dos baixos salários, seja através da exposição na mídia.
Somos contra o não-questionamento de todos espaços dos quais fazemos parte, inclusive nosso próprio Coletivo.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Resoluções do I e II Encontro de Mulheres UFRGS

Resoluções do I Encontro de Mulheres UFRGS
12 e 13 de setembro de 2008
A Plenária Final do I Encontro de Mulheres UFRGS, realizada no dia 13 de setembro de 2008, delibera e aprova as seguintes resoluções concluídas a partir das atividades do evento:
  1. Sobre a situação da mulher na sociedade atual:
O I Encontro de Mulheres UFRGS resolve que, dadas as situações diferenciadas política e econômica impostas às mulheres na atualidade, as quais são agravadas pelas relações de classe e etnia, caracterizadas por menores salários - chegando a uma diferença de até 50% para mulheres negras quando comparadas com homens brancos, com as mulheres apresentando maior vulnerabilidade à violência doméstica e discriminadas no acesso ao emprego e aos direitos políticos, é papel da Universidade realizar a formação humana necessária à diminuição e equiparação de tais situações, principalmente nas áreas que tangem: o reconhecimento de direitos e a formação para a defesa destes, a diferenciação necessária à promoção da permanência das mulheres na Universidade, incluindo o direito à creche, à Casa do Estudante para mulheres grávidas e a construção da Casa do Estudante adequada para mães com filhos.

domingo, 27 de setembro de 2009

II ENCONTRO DE MULHERES UFRGS

Dias 5 e 6 de Junho na Faculdade de Economia da UFRGS

O Coletivo de Mulheres UFRGS convida a TODAS e a TODOS para refletir sobre a história do feminismo, direitos sexuais, violência contra a mulher, o papel da mídia na construção da identidade feminina, Crise Sexual, entre outros temas no II Encontro de Mulheres da UFRGS.


Traga suas questões e inquietações e venha compartilhar conosco a vontade de mudanças!

Contato: coletivomulheresufrgs@yahoo.com.br

Nosso blog: http://coletivomulheresufrgs.blogspot.com/
Comunidade no Orkut: Coletivo de Mulheres da UFRGS

PROGRAMAÇÃO DO II ENCONTRO

Inscrições para o II Encontro de Mulheres UFRGS

Para inscrever-se basta enviar um e-mail para: coletivomulheresufrgs@yahoo.com.br
contendo como assunto: "inscrição" e no conteúdo as seguintes informações:
Nome Completo:

Curso/Universidade (ou instituição/movimento):

E-mail para contato:

Número Cartão UFRGS*:

Certificado**: ( ) desejo certificado ( ) não desejo certificado

Almoço***: ( ) vegetariano ( ) não vegetariano

Creche: ( ) não necessito de creche
( ) necessito de creche - Número de crianças: _____ e Idade(s) da(s) criança(s): _______


* participantes de fora da universidade devem informar o CPF, RG e data de nascimento
** somente serão fornecidos aos participantes que obtiverem frequência igual ou superior a 75% no II Encontro
*** mediante o pagamento do valor de R$ 5,00

Sexo, Prazer e Afetividade

Do grupo
"Relações Livres - PoA" - Inverno de 2009
e-mail: universolivre2006@gmail.com


Nossa antiga e pesada tradição de moral sexual repressiva
(que combina infantilismo sexual e romantismo) morreu.

Mas o cadáver é herdado como cultura moral ainda hoje
e de vez em quando é apresentado como espantalho pelas antigas e novas religiões.

Apesar disto, do ponto de vista intelectual,
a crítica da moral sexual tradicional é devastadora.
Não sobra pedra sobre pedra.

Amar duas pessoas ao mesmo tempo.

por Regina Navarro Lins

Grupo Relações Livres

Há aproximadamente 30 anos um filme causou tanto impacto que foi proibido em vários países: Le Bonheur (A felicidade), da francesa Agnès Varda. Conta a história de um casal feliz, com dois filhos pequenos, que costumava passar os domingos num belo parque.


Numa viagem de trabalho a uma cidade próxima, o marido conhece uma moça, por quem logo se apaixona. Começam um intenso relacionamento amoroso, entretanto, isso em nada afeta o casamento. Ele continua amando e desejando sua esposa, com a única diferença de se sentir mais pleno, com mais alegria de viver. Acostumado que estava a compartilhar com ela todos os aspectos da sua vida, num daqueles dias no parque, enquanto as crianças brincavam distantes e eles, abraçados, descansavam na relva, ele resolve contar o que está acontecendo.

EXISTE EL EROS FEMENINO?

por Margarita Aguinaga

Por qué para las mujeres, es tan difícil hablar de la erótica?. Hablar de lo erótico, en todos sus planos, es más difícil, aun más, si se es, mujer pobre, negra, indígena y mestiza. Será, por qué el confinamiento sexual, de las mujeres, es tan basta, como basta, es la capacidad adquirida de los hombres, en sus diversas, multiformes y extendidas prácticas sexuales?.

La condición estructural, muestra, una total desigualdad entre hombres y mujeres, no solo en el acceso, sino en la capacidad de experimentar, de conocer, de practicar, de crear el mundo de lo sexual. Decirlo así, me causa escollos desde el inicio, por ejemplificar: mientras el más común de los hombres, aprendía a masturbarse, se introducía al sexo, desde su adolescencia, a ocultas o no, desde una edad temprana, la mayoría de mujeres jóvenes y adultas, indistintamente, sea que esos espacios, fueren alternativos o mercantilizados, se quedaron fuera, o casi fuera de aquellos vínculos sexuales.

Es sumamente importante, partir de este criterio, para entender, el nivel de poder sexual, que los hombres, históricamente, han ido alcanzando, la capacidad que han adquirido, de generar una multiplicidad de formas sexuales, de generar, acceso, espacios de intercambios sexuales, sean, monogámicos o polígamos. El “mundo sexual masculino existe” y es in extenso desconocido, para miles de mujeres.

Lo dicho, en primera instancia, para evidenciar, la profunda desigualdad sexual, entre hombres y mujeres, frente a los ámbitos del eros, y de ahí, hacer una cierta aproximación para explicar, el por qué, el extendido dominio masculino, en las relaciones sexuales.

Segundo, afirmar que, el eros ha sido construido, de forma desigual, no porque ellos, a los largo de la historia, del desarrollo del eros masculino, no se han propuesto, formas de relación sexual alternativa; sino porque, el eros masculino, descansa milenariamente, principalmente, en la aceptación del sujeto masculino-heterosexual, como sujeto histórico creador, propietario, dueño y reproductor del deseo, mientras la mujer no. El eros masculino, se hace poder sexual, en la subordinación de los cuerpos y su complejidad.

El escollo que siento, mientras sigo escribiendo, se transforma en un ímpetu para avanzar, poco a poco, a reconocer que esta desigualdad, ha provocado el abismo sexual, que existe entre hombres y mujeres, entre el eros masculino y el eros femenino, -si existiere algún eros femenino. Es innegable, que las mujeres, intervengan o no, en los asuntos de la erótica, -asumiendo, que mayoritariamente, están prohibidas de hacerlo-, reproducen este proceso, desde la ausencia de conocimiento y experiencia, desde la invisibilización sexual, la represión, la mercantilización de sus cuerpos y desde los lugares de su confinamiento privado y público, sea en la casa, en la cama, en el trabajo y en el estrecho margen de espacio público que tenemos.

Tercero, decir, que el dominante eros masculino, practicado por todo, aquel o aquella, que ocupa el lugar, de quien decide la relación sexual, ancla su existencia, no solo en intercambios de tipo sexual, sino económico-de clase, culturales, políticos, lingüísticos, artísticos, étnicos, al punto de permear toda la sociedad, bajo el poderoso “patrón erótico masculino”.

Podemos decir, que este patrón erótico masculino, se ha transformado, en monopolios de producción y acumulación capitalista?. Sí, es indudable, este “patrón”, no es un problema individual, de un hombre en particular, es constitutivo de la relación de clases, por dar un dato, el tercer rubro global, de enriquecimiento transnacional, más poderoso, luego de las armas y el narcotráfico, es el tráfico sexual de mujeres, niñas y adolescentes, para la explotación sexual. Redes extendidas, ahora, no solo a mujeres pobres, asiáticas, africanas y latinoamericanas, sino inclusive, hacia mujeres jóvenes, estudiantes de colegios, universitarias de estratos medios, profesionales, que se incluyen, buscando un status sexual o una mejor posición de clase. Aún, sin un estudio cabal, sabemos el enriquecimiento de las cadenas empresariales de comunicación y la multimillonaria captación de recursos monetarios, tecnológicos, ideológicos, sabemos, que es impresionante el dominio sexual, por medio de la pornografía diversificada en medios visuales, escritos, auditivos, electrónicos, etc.

Entonces, podemos hablar, del eros pornográfico?. Si. El eros pornográfico, sostiene parte de la mercantilización, sabe utilizar, las palabras sexuales, para volverlas, comunes, vendibles, atractivas, eróticamente casuales, de moda, usables e impactantes, importa el lenguaje sencillo, hasta vulgar, y vuelve, erótica la cotidiana intimidad sexual. Ese lenguaje, permite predominios, fuerza, intercambio sexual masivo. La pornografía, ha alcanzado el espacio público y simbólico, de nuestras intimidades, para generar un poder masivo, ha copado un espacio tal, que ni el arte erótico, ha alcanzado a hacer.

Cabe indicar, que estos son espacios, mayoritariamente, abocados al uso masculino y de concentradora atención, y confluencia de clase. Sin embargo, el cuerpo femenino participa, compone y al mismo tiempo, se reproduce en esos ámbitos, constituyendo la base, sobre la que se asientan, también otras formas de dominio erótico masculino.

Se me ocurre mencionar, otros dos espacios, en los que se vuelve a reproducir, el confinamiento y la exclusión de la “erótica femenina”.

“La cama”, sí, aquel lugar, en que él y ella, él y él, ella y ella, hacen una cultura sexual. Lo que, tal vez, empezó siendo eróticamente bello, luego, no es sino una buena costumbre o el espacio del desencuentro permanente y la reproducción, de las opresiones sexuales históricamente, más cruentas.

Para ubicar, de cierta forma, la difícil contingencia, a la que se enfrenta el “eros femenino”, es preciso, retomar algo de memoria histórica, cuando reconocemos, que la colonización, como hecho fundacional, se convirtió, en el factor nodal, no solo económico, sino en el hecho de dominación sexual, combinando, en el mestizaje, la inclusión del eros-dios del amor occidental, eminentemente de origen masculino con la violencia sexual, como expresión de la contraposición, que a la larga, volvió in-dialogal, la maternidad y las vivencias eróticas de las mujeres, haciendo que todo acto de erótica, devenga en la maternidad, que al mismo tiempo, desproveería a la mujer de su capacidad erótica, para que ella, aspire a la santidad mariológica permanente y, en muchas ocasiones, asuma, como parte de su vida, la disputa sexual con otras, de los objetos sexuales: marido, amante, hijos, familia, erótica, etc. Y lo que se perdió, en ello, fue su autonomía y su capacidad de decidir, acerca de su cuerpo y de su erótica.

Está claro, que las mujeres, somos introducidas al deseo, asumiendo, que “no tenemos erótica” ni mayor poder; alguna vez, le dije irónicamente a alguien: “las mujeres no nacimos para crear nada erótico”, somos consideradas “sujetas creadas por la erótica”, beneficiadas por el eros de ellos, por eso, somos “deseables”.

Aun sin desarrollar, decir que, también el arte erótico, sea la pintura, la escultura, la escritura, la fotografía, son lugares de élite, es cierto, de privilegio para pocos y de profundo desconocimiento para miles, en que, la mayoría de mujeres, casi no acceden ni a la lectura ni a la literatura erótica. Preguntémonos: ¿cuántas amas de casa, acceden al arte erótico?.

ES POSIBLE LA EROTICA FEMINISTA?

En este tema, siempre, habrá más preguntas que respuestas. Nuestra revista feminista, es solo un pasito, aperturando el debate.

Me vuelvo a preguntar, ¿existe la erótica femenina?, ¿cuál, realmente es el nivel de opresión sexual, que viven las mujeres, en la relación erótica?, ¿es simple pensar en alternativas?, ¿es importante desarrollar la erótica feminista cómo una posibilidad?. ¿Qué hacer con aquellas intenciones de ir a lo eróticamente bello, como una posibilidad de transformación colectiva?.

Se me ocurre decir, que no es posible, la reflexión de la erótica, sin, partir, de las reales condiciones sexuales de las mujeres y los hombres, anunciar la larga travesía que espera a nuestros eros, para aprender, a reconocer los conflictos, y si hay, reconocer las reales posibilidades de creación erótico-feminista.

Y colocar, sin adornar, las palabras eróticas, de lo que pueda manifestar en mis escritos, reales e imaginarios, como una forma inicial, de decir aquello, con el nombre que tiene; decir, desde el lenguaje cotidiano, la experiencia de la que parte mi cuerpo. Colocando dos soportes vitales, los avances de la teoría feminista, de lo erótico y, centrando, los límites de lo que se quiera manifestar, en la opción, en la capacidad de decidir, acerca de la experiencia sexual, reconociendo contradicciones, en el paso del amor profundo al deseo intenso, para intentar re-prensar-me sujeta, de mis propios deseos sexuales. Asumirse feminista, no significa, haber resuelto las problemáticas de lo erótico, sino, reconocerse humana, con interrogantes similares, y rollos tan comunes como las otras, muchas veces, frente al placer y las relaciones sexuales. Y sin negar nuestros límites, avanzar hacia otras posibilidades.

A veces, tal vez, polemizando un poco, desde algún episodio imaginario femenino. Entonces, se me ocurre, seguir escribiendo, dejando que los dedos, creen una episódica fantasía sexual femenina, para volver a colocar, otra vez las preguntas: ¿eros femenino?, ¿eros feminista?, mujer?, en su inacabada forma de vivir, en el impulso por ir, hacia lo diferente y no alcanzar a llegar, a veces, solo lograr ir hasta ahí, sin preguntarme nada más, sin entender, aún que es un eros referencial, para volver, desde la imaginación femenina expuesta, otra vez a buscarme, estableciendo alguna forma de resistencia y satisfacción propia, en la dualidad y las contradicciones que encarna el eros masculino. Entonces, desde el imaginario femenino, intocado y casi desconocido, para mantener abierto el debate, la siguiente historia sexual: “amor, imaginémonos eróticamente bellos”:

(…)Eso es lo que quiero, seguir sintiendo cada vez, cada vez, que sienta, este deseo de festejar, política y sexualmente, un acontecimiento contigo. Cuándo?, después de una reunión política, como la de hoy, tal vez, una de las más importantes en mi vida, porque dejó, mi imaginario erotizado, sintiendo que tenemos, tanto amor cotidiano aprendido.

Las mujeres, no somos benditas…, las mujeres somos humanas, eróticas, inteligentes, bellas,…, capaces de dilucidar una vida propia, a pesar de nuestras contradicciones.

Cómo crees, que no voy a sentir amor, después de un día, como el de hoy, en que las mujeres políticas, llegadas de varios lados, de varios sentires, y luchando por tener voz propia, me han permitido, saber, en la práctica, que fue un acierto, renunciar a la política del cubículo, para encontrarnos, desde una mirada diversa, colectiva, conflictiva, abierta, reflexiva, sin amarres ni posiciones manidas, frontales, aunque aún silenciadas, entre tantas contradicciones, que incluso no alcanzamos a entender, porque nuestros cuerpos, siguen atados, a una fachada de libertad sexual, propiciada por un patriarcado “moderno”, y un capitalismo en crisis, que aún, nos envuelve, a vivir cómo dicta.

Imagíname, después de un día así, llegando hacia ti, con una sonrisa de dicha, con mis labios humedecidos, por la llovizna de la noche, que no me molesta, porque mi cuerpo, sigue caliente, con las emociones del día. Imagíname que llego a ti, e inmediatamente mis senos te piden que los beses y que nos desnudemos. Imagíname, mirándote con mi dulzura, llevándote una flor de amaranto. Comparte conmigo, la felicidad de existir hoy, mírame llena de mi amor y mi deseo.

Imagina que te beso, que soy capaz, de romper la idea, de que el sexo y el eros, son de pertenecía masculina. Imagina, que subo y resbalo, con fuerza por tu sexo y que mi conducto vaginal, envuelve apasionadamente tu erección. Imagina que mi amor, no puede sino, ahora, festejar contigo dentro, abrazándote, esta vez, siendo, yo quien habla a tu oído, diciéndote, que imagines los cuerpos encendidos que quieras, que los toques, las veces que quieras, sin embargo, no dejes de inspirarte, en este amor profundo, que siento hacia la vida. Imagínate, que corro el riesgo, de abrir tus piernas y besar tu sexo, hasta que esté mojado para mí.

No estoy dispuesta, a perder un solo minuto, de ésta fiesta sexual–política, dejando de encontrarme contigo, con tu cuerpo, hace tiempos, por razones de cambio político-social. Imagíname, sintiendo placer, porque mis dedos, recorren tus rulos alborotados, mientras tus manos hermosas, llevan mi espalda, empujada eróticamente hacia ti.

Cómo me pides que juegue con tu sexo?..., ¡cierto, es que no hay seriedad sexual, sin alegría!. Me pides, que me invente, movimientos eróticos, imagínate, ¡que atrevimiento!, ahora que soy capaz de llevarme, hasta el fin, de la trama del deseo sexual. Bien, entonces, con mis movimientos, deberás conocer, como mi vagina, está aprendiendo a acariciar, porque no solo las manos saben acariciar.

Las vaginas saben acariciar!!!…de miles de maneras. ¿Acaso no haz sentido, una vagina, posarse en tus labios y dejarse descorrer, mientras tu lengua, se empapa?. ¿Acaso, no has dejado, al aire libre, resbalar una vagina por encima de tus muslos?. Tal vez, debes haber sentido, cómo una vagina, es inventiva en sus movimientos, no hace, meros movimientos de subi-baja, a menos, que haya perdido la imaginación, aunque, siempre se la puede recuperar, es que las vaginas son así…a veces, no quieren mojar a nadie, otras veces, quieren mojar a tod@s l@s que pasan, pero, como es imposible y saludable, no hacerlo, solo buscan a quien mojar, por deseos, de mancomunidad sexual.

Viste, no solo el sexo masculino, es capaz de acariciar, el sexo femenino, aprende, aprender y re-establece, su capacidad de provocar. Las caricias de la vagina, sobre un cuerpo, se ven artísticas, aunque tropiecen y, otra vez, no sepan acariciar.

(…)En fin, quería hacerlo así, decidir, cuando, yo me quiero dejarme penetrar. Cómo cada hecho, tiene sus sentidos!. Te gustaría sentir eso??, el espacio confabulado, con calma, solo rozar y rozar. A mí, me excitaría tremendamente.

Solo, no olvides, qué estamos festejando, ¡es por mis deseos político sexuales!. Qué eso no existe?, claro que existe!. No olvides que llegué feliz… no te olvides que la política nos junta, y que estoy aprendiendo, a sentir y caminar juntos, con una multitud de cuerpos femeninos, no te olvides, que hoy fui a hacer política y me encantó, estar contigo en mis pensamientos.

No te olvides, que hoy aprendí, a hacer una propuesta, con un montón de mujeres, con ellas, nos fuimos de bronca contra el gobierno, es que solo no escucha a medias, como si no fuera su responsabilidad, escuchar nuestros criterios, en fin, aun creerá que nos hizo un gran favor. No te olvides, que aprendí, a compartir con otras, nuestra capacidad de lucha, no te olvides que ayer, gritábamos, sin ser un bulto más, en medio de una reunión muy formal, que festejaba “el ocho de marzo”, propiciada por un gobierno que acepta a presión, los derechos humanos de las mujeres, y a la vez, justifica el machismo. Pues ni j de aceptación, de una situación así, por eso, de que no le queremos pertenecer a nadie, tal vez, tiene sentido, a viva voz, igualdad, paridad y género, exigir más democracia para las mujeres; tal vez así, un gobierno, que dice, que es de la revolución ciudadana, no nos mande sacando, en determinadas ocasiones, por la ventana, cada vez que demandamos, un corto derecho más.

Hoy, me volví otra vez feminista, y con esos ojos, me acerco a ti, deseándote muchísimo. Hoy mis ojos, esos que saben mirar tu sensualidad, se llenaron de alegría, al ver yo, por primera vez, en mi historia, ya de varios años, mujeres indígenas, negras, montubias, mestizas, de recónditos lugares del país, mujeres empobrecidas por la crisis económica, por los modelos de histórica negación patriarcal y racial, como gritaban “resistencia de mujeres, resistencia feminista”, llevando en sus cabezas, los pañolones de lucha sexual, !no se resistieron al feminismo!, hoy lo pudimos vivir, sin preguntarnos ¿y qué es el feminismo?, solo lo practicamos… nadie dijo: !no soy feminista, nadie refunfuñó que dizque, el feminismo es lo contrario del machismo!. Cachimba!, yo las amaba a todas. Eso no significa, que el feminismo, salió de su crisis, no, pero en mi tierra andina, nosotras las feministas, en ese momento, no nos sentimos solas.

Eso?, solo eso?, cómo que solo eso?, es que ha sido bien importante, ¡mira su significado!. Por ello, yo me pido a mí misma, aprender a gozar de mis siguientes amaneceres. Es lo que festejo.

Imagínate, que estallo (esa es tu palabra) sexualmente,(…). Sé, que puedes captar mi emotividad, mi paz, mi cuerpo abierto, otra vez para ti, dulce, explosivo, manifestando con el leguaje de mis movimiento, lo que siento, desde mi pechos erectos, en sus posibilidades, sedienta de vos, con mi vagina ardiendo, ardiendo de sentirme, además, de físicamente agraciada por tu penetración, feliz, porque, tu penetración, comparte conmigo, mi capacidad, de estar aprendido, a hacer política con una multitud. Así, es como mi vagina, te aprende a acariciar, -sé lo que estoy diciendo, claro, desde mi propia manera, desde mi lugar histórico, junto a las otras, con las que comparto, opresiones comunes y reinvenciones de nuestras eróticas, de nuestros placeres.

Cómo piensas, que no voy a festejar, a llegar a un máximo orgasmo contigo, a gritar de placer, engullida de satisfacción y no de santificado dolor, cuando aprendo, a dejar de lado, mi individualismo político y me acerco a conocer, que el feminismo, es una manera alternativa de vivir. Ese, es mi encuentro sexual contigo. (…)Solo que ésta noche doy mi vida, con tal de disfrutarte a vos, solo a vos…No quiero, que tu sexo ni el mío se sientan apretados de dolor, no eso no.

Antes pasó, hoy parece que lo ignoro, a veces, ya no recuerdo, si la política y el sexo, se llevan así de bien, solo sé, que quiero reventar contigo, por mi causa.

...es lo que quise en ese momento y lo que alcancé a imaginar…

A Masturbação Feminina, experiência auto-erótica para a libertação da opressão sexual

*por Margarita Aguinaga


Às vezes, a masturbação feminina é um tema do qual nos custa falar, é um tabu, um medo, a ser dito em voz baixa ou com um pseudônimo, uma quase agressão sexual para o ouvido, na qual se prima pela negação das mulheres e a sua incapacidade para reconhecer seu desejo sexual, que as diferencia dos objetos. Muitas vezes, esse tema está ausente no próprio diálogo feminista e na esquerda.

Sem deixar de considerar que a masturbação feminina poderá assumir as formas que se queira, a pergunta é: ela é importante no processo de assimilação da individualidade feminina e da luta por uma nova prática em que as mulheres possam experimentar- se e apropriar-se de seu corpo?


A masturbação feminina está invisível para a maioria das mulheres, assim como a sua capacidade de decidir, de falar, de trabalhar.Tem sido considerada de segunda ordem. Muitas vezes, a expectativa sexual de primeira ordem é o encontro sexual com um homem, porque a experiência sexual com um homem se transformou numa finalidade quase “absoluta”. A masturbação feminina, para algumas mulheres, existe somente para desafogar a solidão ou a falta de um homem, como se fosse o preenchimento do intervalo entre duas relações espaçadas.


Para a mulher, ter um espaço na cama, com sua solidão corporal e sexual, transforma-se em todo um processo: movimentos sexuais, tocar-se para romper a barreira do medo de fazê-lo e dizê-lo, o reconhecimento do imaginário, das sensações, dualidades, significados, barreiras difíceis de ultrapassar. Por exemplo, a posição difícil de mudar ante si mesma, as múltiplas opressões que se manifestam nas imagens que constroem sobre seu corpo. Finalmente, são linguagens extremamente importantes para dar significado e interpretar, para reconhecer a divisão sexual naquilo que é o centro da opressão sexual manifestada na construção psíquica, econômica, política, cultural, sexual, de seus desejos e seu corpo.

Não é só um montão de carícias no corpo, é um processo de luta por uma intimidade para a apropiação do corpo individual de cada mulher. Ainda que nos incomode escutar, a masturbação é o rincão onde começa a experiência auto-erótica e, para as mulheres, é um passo essencial em busca do seu amor próprio. É que a experiência “auto-erótica do máximo prazer feminino” por meio da masturbação, talvez possa permitir que as mulheres ocupem o território esvaziado de seu corpo, destinado ao domínio sexual dos outros. E, ao converter o desejo numa opção e não numa necessidade, poderia articular-se um processo de diferenciação emancipadora de sua sexualidade. Tornar-se outra, mas como indivíduo e com sua própria capacidade, auto-reconhecida em seu próprio poder sexual e em sua própria capacidade de decidir, além de reconhecer a beleza e a profundidade do corpo dos outros/outras. Nesse momento, poderia produzir-se o passo do desejo intenso ao amor profundo. É que esta experiência auto-erótica vai além de um impulso biológico do desejo; é, antes de tudo, humanizadora e criadora.


Há passos muito curtinhos entre o desejo profundo e o amor intenso. Mas as mulheres, às vezes, nem sequer chegam a saber o que significa. As mulheres foram castradas em suas exigências sexuais básicas. A cultura dominante instalou, nos corpos das mulheres, um cinto de castidade social que as oprime. E quando querem desabotoá-lo, os outros vociferam que é necessário parar essas possíveis irracionalidades femininas, advertem que as mulheres ficarão loucas e descontroladas. Então, para acalmá-las, é preciso devolvê-las ao poder masculino e submetê-las à sua autoridade.


Cabe construir uma ponte entre o processo de sensibilização sexual feminina como componente da sexualidade e a ação sensitiva e afetiva sexualizada. Cosntruir a masturbação feminina como o epicentro do prazer do corpo, de si mesma e de uma coletividade. Seria o espaço de autoexploração do desejo sexual individual, manifestado no diálogo da mulher com sua própria corporalidade, em prol de olhar a si mesma, sem esconder-se de si.


O feminismo tem dito que a autonomia das mulheres carece de um processo de individualização e transformação total da relação entre as e os outros. Cabe pensar que a masturbação feminina faz parte dessa exigência, dessa necessidade. A erótica feminina é um espaço de poder que permite levar adiante a diferença entre o masculino e o feminino, é a mulher encarada a partir de suas próprias práticas sexuais íntimas, questionadas socialmente e encarceradas no “privado femenino”, do qual só se atrevem a falar mal, ou do qual se ocupam os doutores para intervir desde a biologia, a medicina ou a psicologia. Ou, ainda, a igreja para decidir sobre a sexualidade de toda uma coletividade.


Tirada do baú das avós, não há nada mais belo que a masturbação feminina. Reconhecer a pele, as sensações, o próprio prazer, é uma fonte de vida e de amor próprio, é um ato de criação política. Se tratamos de liberdade, uma das liberdades mais importantes para as mulheres é o sentir a si mesma sem preconceitos, o contato com seus desejos, superando as barreiras patriarcais instaladas na consciência que lhe nega a satisfação sexual. A satisfação sexual feminina é a base da erótica feminista.


Como quase todas as demais, a masturbação feminina começa com o reconhecimento da experiência sexual construída com os e as outras. Poderíamos dizer que, na maioria das vezes, o masculino exerce uma importante construção da ideia da masturbação, porque o masculino é considerado o motivador sexual e gérmen da sexualidade feminina. A sexualidade masculina, numa sociedade patriarcal, cumpre o papel de “origem“ do prazer sexual até converter-se no concentrador e reprodutor das sexualidades femininas e masculinas como forma de poder. Si não fosse assim, o poder sexual exercido a partir de uma concepção falocêntrica, androcêntrica e heterossexual não seria tão profunda e difícil de superar.


Entretanto, a masturbação feminina está longe de ser um recurso complementar ao prazer feminino ou de busca de maior prazer feminino. Ela poderia ser considerada uma estratégia, uma nova maneira de relançar a sexualidade feminina, de aproximar-se do prazer por “decisão própria”, de ser a devolução do controle, do reencontro, do retorno à criatividade, à capacidade sexual e ao poder feminino a partir do corpo das próprias mulheres.


Desejar-se, querer-se, estimar-se, reconhecer-se en cada fantasia feminina, em cada partezinha da pele é simplesmente sentir-se por opção, é um passo à auto-identificação que pode ajudar a superar os olhares impositivos, o domínio de outros sobre o corpo das mulheres. Pode permitir avançar um passo: do “sou uma necessidade para outros” ou “necessito de outros” para “opto por mim misma”. A apropiação da opção por si mesma, dita em palavras, é importante. Significa um enfrentamento às repressões sexuais instaladas no inconsciente, na cultura e em todos os aspectos da vida humana.


Masturbar-se, decomposta a palavra e sem ir a nenhum dicionário, poderia significar mais-turbar- se, confundir-se mais. Logo, desse ponto de vista, poderia ter esse significado, já que a volta à masturbação feminina pode ser um caminho com dificuldades e muitas vezes doloroso. A desconstrução da ideia religiosa do “corpo sujo” e do “corpo puro” geraria, por si só, duras confrontações e dificuldades para o reencontro pessoal e social, pois o corpo feminino estaria destinado à santidade. A decisão de fazer com que “meu corpo faça o que quero”, gera uma contraposição entre o costume de “ fazer sempre o que os outros querem para satisfazê-los” e o de “ faço de mim um corpo para o prazer e a satisfação sexual por ação consciente de minha liberdade”. É toda uma batalha na qual nem sempre o resultado é a satisfação própria, a decisão própria, a luta pela liberdade plena.


Estes são aportes e carecem de muito mais elementos a serem construídos, pouco a pouco, a começar pelos próprios ouvidos. Desejar, tanto quanto amar a si mesma, é um passo vital rumo à desconstrução da terrível fragmentação do corpo feminino. Desejar e amar a outros e outras, em busca de uma satisfação não opressiva, é parte de um feminismo profundamente humano, que desencadeia, retorna ao erótico como prática sexual profundamente crítica e extremadamente amorosa. Desde as palavras justas que dizem sem medo, aqueles temas “esquecidos”, “tabus”, “perigosos”, “de segunda ordem” ou “não tão políticos para o estado, a família, as relações afetivas” como são os da descriminalização do aborto, as orientações sexuais, etc.


Sem dúvida, para assumir a liberdade sexual integral que é o feminismo, há que começar a falar e transformar aquilo que está oculto entre tantos mitos e proibições sexuais, “porque do nu se fala em público, com amor e respeito acerca do que é o mais íntimo e proibido do corpo: os desejos sexuais femininos”.


*Feminista equatoriana e membro do CADTM no Equador

Tradução: Tárzia Medeiros